Esta é uma dança de despedida, a última dança do dia, do mês, do ano, do século, da história, da nossa história e, ainda que insista, não a dançarei mais uma vez. Eu sempre quis saber que gosto tem a liberdade verdadeira, sempre quis saber como é ouvir um segredo e também como seria a sensação de tornar santos em pecadores.
Meus olhos de águia não foram capazes de ver, nem minha pele, em tons de neve pura, capaz de sentir. Sou isso que vês e um pouco menos do que esperas pra si, ciúmes que escorrem pelo meu rosto, navegando nas lágrimas de um idiota que brilha apenas no espelho, sou a empolgação de um beijo trocado de forma atrapalhada pelo nervoso das nossas mentes complicadas e sonhadoras, sou esse eterno "fora de controle", sou um nunca que sempre está atrasado, ou, adiantado demais, ouço sempre o ponteiro reclamar entre um "tic" e outro "tac" da minha incostância, mas nada que nos torne inimigos, pois dentro do silêncio que a solidão faz de canção, ele encontra seu espaço pra ter um companheiro, e eu idem.
Meus sonos não são mais visitados por sonhos, pois sonho demais de olhos abertos e, se por uma vez você pudesse encontrar isso por trás dos meus olhos, entenderia que eu sou alguém que está acima dos seus tabus e crenças, eu nunca perdi minha fé, mas ela se perdeu de mim, só pelo fato de eu ter me afogado em pecados durante minha longa caminhada solitária, apenas o tempo é testemunha da minha dor, apenas ele aplaude meu heroismo enquanto eu suporto dores lancinantes pela manhã, tarde e noite, isso tudo me mata de uma forma cruel, pois continuo em pé com um par de olhos castanhos brilhando no meio da multidão, sou fadado a carregar este fardo, o fardo de uma beleza que eu nunca escolhi ter, não pedi olhos que disfarçassem minhas neuras, queria apenas olhos que pudessem traduzir meus sentimentos, quem sabe assim talvez, você se apaixonaria por mim e diria as coisas que eu preciso ouvir, afinal, até mesmo nós, tolos que brilham no escuro, precisam de juras platônicas de amor.
Eu nunca...
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