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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Vício

Eis aqui um corpo em decomposição que vaga entre as multidões, exaurido, desgastado, olhos arriados como os relógios que escorrem nas pinturas dos quadros.
Um coração palpitante, delirante, moribundo, um coração que clama pela chance de bater mais uma vez como um coração normal, quando foi que eu acordei tão velho e ranzinza assim? Quando foi que entreguei os pontos e desisti de viver?
As decepções de certo me fizeram chegar até aqui, mas eu ainda me recuso a permitir-lhes o poder de me manter nesse estado de morte em vida, de torpor durante as vinte-e-quatro horas do dia.
Desejo novamente o ar passageiro que só se faz presente de manhã cedo, anseio novamente pelo riso gargalhado, pela sintonia com minha alma, estou desesperado! Mergulhado em um vício destrutivo; perdendo as eiras e as beiras; caindo pelas tabelas; tropeçando em vielas macias e retas; próprias para uma boa caminhada.
Tornei-me meu maior medo, meu mais repudiado inimigo, meu corpo é minha prisão e este vício é minha punição, "FORÇA!", eles gritam, coitados, mal sabem que apenas gritos de incentivo não vão me levar a lugar algum.
Estas correntes são pesadas, são resistentes, são forjadas no mais profundo desejo de não ser um ser que um covarde pode ter, eis me aqui a desabafar, eis me aqui a procurar ajuda, a implorar aos céus que seus anjos, seus santos e seus deuses, me iluminem para que eu possa sair desta caverna obscura, este é um vórtice perigoso, este é um jogo doloroso, sucumbir é fácil, fazemos isso como voluntários, mas largar de mão um coração viciado em ócio inútil é que é difícil, é doloroso, é quase impossível.
Vejam meus olhos, e saberão que por trás deste semblante desgastado, ainda queima em centelha uma vida pronta pra ser recuperada. Que venha o fim das férias, eu encontrarei a saída!

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