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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Palavras esquisitas de uma carta desconhecida

"A herança da guerra são as cinzas que pairam no ar, vem a batalha do dia-a-dia me sufocar, pequenos cacos de vidro pelo chão, somam às lagrimas um valor alheio à noção.
Vim de longe observar o céu fazer do mar o seu espelho e com um nó no peito, lembrei-me da época em que me refletia em teu semblante, me sinto hoje como um paira sempre avante, ainda em dúvida se não pertenço a nenhum lugar, ou se o mundo adiante é todo meu.
Na bagagem levo uma muda de roupas velhas e um punhado de lembranças dela, vi sua lágrima cair com tanta dor, que por um instante me senti um traidor, salva-me da inexistência a pétala daquela flor, colhida de improviso no jardim da Dona Irene, chamaram-me de sapeca na época, mas lembro-me de segurá-la com vontade e dizer: "Amor, amor, amor..."
Ouvi vinte-e-três vezes a minha sentença de fim, por vinte-e-três vezes renasci, lutei contra o mundo e aprendi que não importa o que se faça, se vive apenas no mundo e não há outro espaço para ir.
Vem a conversa que passa atiçando os ouvidos, como o vento que beija ligeiro nossas bochechas, os olhos dos outros, se pudessem, me queimavam vivo. Perdido na cidade e no amor, peço por regaste, pois é triste viver no eterno estado de saudade.
Memórias de outrora, declarando vitória sobre o presente, estou ausente e impaciente, quero de novo todo o gosto bom das risadas, ouvir mais uma vez aquela piada e dizer para me ouvirem em alto e bom tom que este é meu lugar."

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