Powered By Blogger

terça-feira, 21 de junho de 2011

O choro do nobre vagabundo

Confesso! A caminhada tem sido longa e árdua e, embora acompanhado, por vezes me sinto só e perdido no vão das coisas que repousam sobre o espaço deste ambiente opaco que ocupo.
Eu sei, não é fácil, nunca foi e nunca será, mas se fosse talvez não tivesse a mesma disposição de encarar todos os meus medos e todos aqueles dedos que se voltam esticados em direção à minha face, causando o desconforto matinal que sinto todos os dias.
Quão pesado pode ser um julgamento equívocado e recheado de revolta? Quão triste pode ser o destino de alguém que agiu pelo coração e decidiu não se ater à razão do ser que hoje já não é nada além do que a poeira dos sonhos que um dia ousou sonhar?
E agora esses dias tem sido tão inusitados e imprevisíveis que eu acabo falando mais do que devia, o faço na tentativa de ir levando adiante a força que me resta através da tempestade que decaiu sobre este corpo cansado há séculos.
Há séculos meu corpo já não repousa, há séculos esta boca não se cala, há séculos essa alma não ora e, em sua oratória, só há dor e revolta, que anjos? Que versículos? Que provérbios antigos vão curar as feridas que se abriram em minha mente e me fizeram o negligente que hoje sou?
Tão antigo novamente, renovado e reprimido, esquecido ao ser lembrado como o homem mais gentil, mas que de que me vale a gentileza se não há um só ser que perceba a beleza nos olhos de quem está a um passo de perder sua fé no retorno de suas boas ações?
E sigo no sulco da terra, preenchendo o vazio com o vazio de me ser e quem sabe, vagando por aí, não esbarre com a fera que me jogou aqui? Ainda que seja assim, vos digo que minh'alma, hoje chorosa, mantém viva a fé junto com a revolta na descrença do homem em si mesmo, digno ou indigno, puro ou impuro, o importante é ser realmente um nobre vagabundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário