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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Festa no Meia Luz

O Meia Luz era um bar com ares fascinantes, tinha poeta, cantor, violão, fumaça de cigarro e vários paletós baratos que a gente acha um barato, compra e depois se arrepende. Íamos para desaparecer entre as palavras que, soltas pelo ar, nos guiavam noite a dentro com maestria, dançavamos então a valsa da boêmia ao som dos heróis anônimos mais famosos da crise dos paradigmas, por fim, nos perdiamos num sentimento imenso de puro companheirismo. Estávamos entre comuns.
As horas passavam como se não fizessem parte do tempo dentro daquelas quatro paredes, mas lá fora o relógio teimava em nos lembrar que as frações de tempo não só existem, mas também tem a finalidade de alertar que somos escravos dos ponteiros, mesmo assim era uma noite de alforria, sorrisos sinceros, olhares brilhantes e beijos ardentes, tontos pelo pecado, mas nascemos pra pecar.
Logo perdemos o rumo das horas, éramos deuses em um bar perdendo os poderes à medida que as vozes iam ficando roucas e a música já não era tão afinada, mas o fim da farra era sempre o melhor da festa, cabelos despenteados e rumos desconhecidos, desorientados mas totalmente renovados, mortais prontos para um novo dia, uma nova batalha.

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