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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ela se foi

Ela se foi, deixou seus passos arrastados pela casa, sua voz ecoando na sala, seu cheiro nos lençois.
Na cama ainda repousam comigo as lembranças daquele corpo estonteante, cheio de contraste e nuance, temperado pela volúpia arrebatadora que andava junto a um sorriso ingênuo e angelical.
Ela se foi, deixou seus lábios nos meus, deixou até a receita do bolo de chocolate que eu tanto amo e se foi levando consigo uma boa parte da minha metade, que hoje, não é mais metade da metade que foi pra ela.
No sofá da sala ainda toco o violino, em lágrimas vejo o espaço vazio de onde ela sentava e cantava me acompanhando, o riso de outrora hoje é pranto, espanto de solidão.
Ela se foi, não deixou rumo, nem carta, nem bilhete, cruel! Deixou apenas as nossas memórias espalhadas pela casa. Não deixou pista nem nada, nada mesmo, não deixou nem motivo pra eu entender seus motivos de abandono, na fumaça do meu cigarro flutuam todos os meus demônios, no copo meio vazio, se afogam as mágoas em black label.
Ela se foi, não sei pra onde, nem de onde veio, ela veio como uma brisa arteira, confortante e vivaz, mas se foi como uma feroz tempestade, deixou apenas suas digitais pra lembrarem que nada é pra sempre.

3 comentários:

  1. nem tenho palavras...
    simplesmente perfeito...
    absolutamente inenarrável...
    adorei... só!

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  2. o que dizer de seus textos???
    altamente filosóficos e mto lindos..
    vc com certeza vai ser um grande escritor...
    ta demais....

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  3. Lindo demais, eu tenho plena certeza ele já é um otimo escritor.
    O teu sucesso é garantido, td de bom pra ti amor. :)

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